Investimentos e Emocional: O Que Custa e o Que Fazer a Respeito?

Pesquisa mostra que fica caro quando investidores vendem durante momentos de pânico.

Steve Wendel 05/03/2020 15:41:00
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Em um artigo recente do Journal of Financial Planning, analisei os custos e implicações da venda de investimentos durante crises. Pelas minhas estimativas, e outras existentes, o custo para investidores comuns é da ordem de 100 a 150 pontos base, anualizado. Mesmo que você provavelmente não entre em pânico durante uma crise, o potencial de pânico de outras pessoas afeta seu ambiente de investimento, devido à forma como o risco de venda emocional é incorporado à prática na alocação de ativos. Vamos dar uma olhada nesta pesquisa e o que isso significa para investidores e investimentos.

Concentrando a alocação de ativos diretamente nos objetivos e no que é necessário para alcançá-los, e usando ferramentas comportamentais para mitigar desafios emocionais, podemos encontrar uma resposta mais eficaz do que as alocações atuais, baseadas nas preferências de risco.

Quão ruim é isso?

Todos nós ouvimos histórias de horror de pessoas que entraram em pânico durante uma crise, liquidaram seus investimentos e depois perderam a oportunidade quando o mercado se recuperou. Ou histórias de pessoas que simplesmente ficaram desconfortáveis com uma queda em um setor ou investimento específico e descartaram um investimento existente, apenas para vê-lo se recuperar rapidamente (e superar o "novo" investimento).

Nesta pesquisa, começo analisando a premissa: o que a venda emocional faria a uma amostra de investidores? Desenvolvi um modelo de simulação de investimento ao longo do tempo, semelhante ao do meu artigo recente, sobre como aliviar a crise da aposentadoria, e modelei explicitamente a probabilidade de venda durante crises devido a gatilhos emocionais. Dependendo das preferências de risco de cada investidor, eles tinham um limite no qual vendiam; aqueles com preferências de baixo risco entraram em pânico mais rapidamente do que os com tolerâncias mais altas. Eu os coloquei em uma série de cenários históricos para ver como eles se comportariam ao longo de um período de 10 anos.

Os resultados desta premissa retornaram como uma perda entre 100 e 150 pontos base, o que alinha o intervalo de estimativas com o que outros pesquisadores descobriram. As estimativas mais bem estabelecidas analisam os custos de tentar, imprudentemente, cronometrar o momento do mercado, dos quais se acredita que a venda emocional durante uma desaceleração seja a parte mais perniciosa. Os pesquisadores Friesen e Sapp (2007), por exemplo, estimam que isto diminui o retorno do investidor em cerca de 150 pontos base por ano. A Vanguard também coloca em cerca de 150 pontos base (Bennyhoff e Kinniry 2013). O próprio Russ Kinnel da Morningstar, em seu estudo anual Mind the Gap, mostrou como variou consideravelmente de setor para setor e ano para ano, de mais de 150 para uma média atual de 26 pontos base.

Isto é o que acontece com quem entra em pânico. Mas e o que acontece com as outras pessoas?

Investimento Emocional Molda a Alocação de Ativos

Uma das principais lições da análise é que a maneira pela qual os investimentos costumam corresponder aos indivíduos (geralmente usando um questionário de tolerância a riscos) é moldada pelo potencial de vendas emocionais. Quando se desenvolve um plano financeiro de longo prazo, são colocadas pelo menos duas demandas concorrentes na alocação de ativos: assumir riscos para ajudá-lo a alcançar seus objetivos financeiros e evitar riscos excessivos, em parte para evitar desconfortos e reações emocionais negativas que podem levar você a abandonar o plano.

Para gerenciar essas demandas concorrentes, o campo do planejamento financeiro geralmente aplica duas abordagens: uma abordagem de capacidade de risco, que se concentra em metas e gera os retornos necessários e/ou uma abordagem de preferência de risco, que procura evitar o pânico. Infelizmente, isoladamente ou em combinação, estas duas abordagens podem falhar em atender a uma das duas demandas - falhando em ajudar os investidores a atingirem seus objetivos efetivamente, porque o portfólio foi posicionado com muita mansidão, e não impedindo o pânico, porque o portfólio era intoleravelmente volátil.

Neste artigo, por exemplo, descobri que o uso de uma abordagem de preferência ao risco para colocar investidores mais sensíveis em investimentos de menor volatilidade reduziu os danos da venda baseada em emoções apenas modestamente, diminuindo as perdas para os investidores de 100-150 pontos base para aproximadamente 80-130 pontos base. O problema é que, quando ocorre uma desaceleração, mesmo investimentos com volatilidades mais baixas podem cair o suficiente para provocar vendas emocionais entre investidores intolerantes a riscos (e, da mesma forma, para investidores tolerantes a riscos em investimentos com maior volatilidade). Para mitigar este problema, é preciso enfrentar o desafio comportamental de frente.

Uma Abordagem Diferente

No entanto, também é possível lidar com o risco de venda emocional sem alterar a alocação de ativos. Os investidores e, conforme o caso, seus consultores podem usar ferramentas comportamentais para ajudar a se preparar a responder à volatilidade quando isto acontecer. Por exemplo, técnicas potenciais da literatura incluem:

  • Para aliviar a aversão à perda, os investidores (e consultores) podem evitar a tentação de olhar frequentemente os preços (Larson et al. 2016).
  • Para diminuir a probabilidade de venda na baixa, pode-se procurar investimentos de longo prazo, explicitados como "comprar e esquecer"; esta abordagem aprende com os resultados comportamentais positivos atingidos pelos fundos de data-alvo (Holt e Yang, 2016).
  • Investidores e consultores podem se informar mais sobre como todas as pessoas sofrem com vieses comportamentais comuns, como viés de confirmação e heurística da disponibilidade, que levam a erros previsíveis e evitáveis (Perttula 2010). Idealmente, estas lições devem ser revistas imediatamente antes de uma operação, não como um programa de educação para investidores ou de alfabetização financeira (Fernandes, Lynch e Netermeyer 2014).

Medindo o Impacto do Pânico dos Investidores com Uma Abordagem Combinada

Na parte final da análise, observei o impacto de uma abordagem combinada: ferramentas comportamentais para mitigar a venda emocional e uma alocação de ativos baseada apenas nas necessidades de uma pessoa (capacidade de risco, não preferências de risco). A análise não conseguiu analisar as especificidades de cada uma das ferramentas comportamentais acima - é necessário muito mais trabalho -, mas poderia determinar o que aconteceria, em conjunto, se pudermos impedir a venda emocional em geral. No total, os investidores que se concentram no que é importante e evitam o pânico recebem um aumento líquido de 17 a 23% nos ativos, ao longo de 10 anos, ou cerca de 170 a 225 pontos base por ano em retornos. Parte desse retorno vem de evitar o pânico, o que apóia as análises de Vanguard e outros. O restante vem da liberação da alocação de ativos para melhor atender às necessidades financeiras dos investidores. Isto elimina a tensão entre as demandas concorrentes acima: alcançar as metas financeiras e, ao mesmo tempo, evitar uma volatilidade desconfortável.

Investir é algo cheio de incertezas e os investidores são muitos e diversificados. Esta pesquisa fornece uma visão inicial de como se pode combinar um novo conjunto de ferramentas da comunidade científica comportamental com a alocação ponderada de ativos, para ajudar alguns investidores a evitar vendas emocionais durante as crises. Para ver o artigo completo, consulte “Using a Behavioral Approach to Mitigate Panic and Improve Investor OutcomesJournal of Financial Planning 31 (2): 48–56.

 

Artigo original em https://www.morningstar.com/articles/883178/emotional-investing-what-it-costs-and-what-to-do-about-it

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About Author

Steve Wendel

Steve Wendel  é o chefe de ciência do comportamento da Morningstar, onde lidera uma equipe de cientistas e profissionais do comportamento que conduzem pesquisas para ajudar as pessoas a investir e gerenciar seu dinheiro com mais eficiência.

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