Um artigo do National Bureau of Economic Research intitulado Don't Take Their Word For It: The Misclassification of Bond Mutual Funds alega que a Morningstar incorretamente classifica fundos de renda fixa se baseando em informações reportadas erroneamente pelos gestores.
Nós recebemos bem debates como este, que estimulam a melhoria contínua das informações disponíveis aos investidores, especialmente em uma área tão complexa quanto a renda fixa. Também apoiamos totalmente o foco dos autores em cálculos com base nas carteiras dos fundos. Esse foco está alinhado aos esforços da Morningstar de expandir nossa capacidade de fornecer análises calculadas de renda fixa, incluindo medidas de qualidade de crédito, para permitir comparações racionais entre fundos, gestoras e regiões geográficas. Desde 2017, a Morningstar vem calculando e publicando análises de classificação de crédito baseadas em ativos para mais de 50.000 investimentos gerenciados globalmente, no nível de share-class. Priorizamos a expansão desses dados e sua adoção pelo mercado, para que os investidores não confiem tanto nas informações de portfólios relatadas pelos gestores.
No entanto, o artigo faz afirmações imprecisas sobre o papel dos dados auto-relatados na atribuição de categorias da Morningstar e na classificação da Morningstar para fundos (também conhecida como classificação por estrelas). Não recebemos o artigo antes de sua publicação, embora tenhamos contatado os autores para discutir nossos dados e metodologias. Após questionamentos que buscam orientação sobre como responder às preocupações dos investidores em relação às afirmações dos autores, publicamos nossa resposta aqui para transparência e ampla disponibilidade para qualquer pessoa interessada.
Primeiro, concordamos que há variações nos dados auto-relatados e calculados. No entanto, vemos outras explicações para as diferenças nestas médias.
Os cálculos dos autores da qualidade creditícia média com base nos dados calculados pela Morningstar são inferiores à qualidade creditícia média com base nos dados auto-relatados. Dessa forma, os autores afirmam que os fundos nos informam incorretamente a qualidade de crédito dos títulos que seus fundos detêm. Não concordamos com este salto de lógica.
As diferenças entre os dados auto-reportados e calculados pela Morningstar nos níveis de classificação (rating) devem-se principalmente a ativos classificados como "não classificados" em nosso banco de dados. Embora os gestores normalmente tenham informações completas sobre os ratings de crédito de cada um de seus títulos, a Morningstar pode não ser capaz de combinar alguns destes títulos com nosso banco de dados atual de ratings de títulos das principais agências de classificação de crédito. Por exemplo, os emissores de títulos geralmente têm classificações, enquanto seus títulos não. Isto pode incluir emissões de títulos soberanos (ou futuros) relativamente mais seguros sobre esses títulos. Neste caso, os gestores podem, de maneira justificável, atribuir uma classificação a um ativo, mas, no entanto, o ativo apareceria "não classificado" em nosso processo interno de atribuição.
Como resultado, os dados calculados da Morningstar geralmente mostram níveis mais altos de títulos não classificados do que aqueles relatados pelos gestores. Como a metodologia proprietária da Morningstar para calcular a Qualidade Média de Crédito penaliza particularmente as participações não classificadas, atribuindo-lhes uma classificação baixa (B ou BB), não surpreende que os autores encontrem os dados calculados pela Morningstar para produzir uma qualidade creditícia média mais baixa do que os dados auto-relatados. Quando fazemos um controle para ativos não classificados, não encontramos um padrão semelhante.
À medida que continuamos a investir em nossos recursos analíticos de renda fixa, expandiremos nossa capacidade de atribuir ratings a este número considerável de ativos que não possuem uma classificação em seu nivel (security-level).
Segundo, não vemos evidências de que as categorias da Morningstar para fundos de renda fixa tenham sido sistematicamente atribuídas incorretamente.
Ao longo do artigo, os autores misturam onde um fundo se encaixa no Style-Box de Renda Fixa com sua Categoria Morningstar. Na realidade, a atribuição do Style-Box de Renda Fixa da Morningstar e as categorias da Morningstar são distintas.
A Morningstar não usa a atribuição do Style-Box de Renda Fixa Morningstar de um fundo para determinar sua categoria. Em vez disso, empregamos uma metodologia separada para atribuir fundos de renda fixa a uma categoria Morningstar (conforme descrito em nosso artigo de abril de 2019) e consideramos vários pontos para fazermos as atribuições de categoria. Por exemplo, a Morningstar examina a alocação histórica de um fundo para títulos sem grau de investimento e títulos sem classificação - obtidos a partir de dados auto-reportados, métricas calculadas pela Morningstar e ativos individuais - como ponto de partida para determinar a categoria de um fundo.
Finalmente, não vemos evidências de que os fundos de renda fixa tenham recebido classificações com estrelas de maneira incorreta.
Os autores dizem que uma "classificação incorreta" dos fundos lhes permitem receber classificações por estrelas mais altas do que deveriam. Isso não é verdade.
A classificação por estrelas de um fundo é calculada com base no desempenho passado em relação a seus pares na categoria Morningstar - em vez de fundos que compartilhem a mesma posição no Style-Box de Renda Fixa, conforme descrito acima. Não vemos evidências de que fundos foram atribuídos incorretamente às categorias Morningstar de forma generalizada. Dado isto, também não vemos evidências de que os fundos tenham sido atribuídos com classificações por estrelas incorretamente.
A confiabilidade de nossos dados e análises é fundamental para o nosso sucesso, e valorizamos a transparência e a colaboração para apoiar os investidores. Nós vemos com bons olhos discussões mais aprofundadas da indústria sobre o tema.
Artigo original em: https://www.morningstar.com/learn/bond-ratings-integrity